Uma sessão de júri foi adiada em Belo Horizonte após o promotor de Justiça Francisco Santiago, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), chamar uma advogada de “galinha garnisé” e falar que ela faria striptease. Até o momento, ele não se manifestou sobre o ocorrido.
O julgamento aconteceu no último 26 de março. Os réus eram Deivison Roberto de Araújo e Wkisley Rodrigues de Souza, acusados de envolvimento em um homicídio.
“Eu nunca tinha passado por uma situação assim em 13 anos de advocacia. Eu estava inclusive me sentindo honrada por saber que ia participar de um júri ao lado dele, mas o que poderia ter sido um grande aprendizado para ambas as partes, teve um final lastimável. Fere não somente a advocacia, mas o judiciário e a sociedade como um todo. Estou traumatizada”, disse a advogada Sarah Quinetti Pironi.
Ainda conforme a ata, após a discussão, a juíza Marcela Oliveira Decat de Moura dissolveu o conselho de sentença e adiou o julgamento para o dia 5 de junho.
Segundo Pironi, todas as providências necessárias estão sendo tomadas. Os advogados Rodrigo Badaró e Rogério Varela, que fazem parte do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), protocolaram uma reclamação disciplinar contra o promotor Francisco Santiago.
Eles solicitaram a apuração dos fatos e o afastamento cautelar do promotor, com o objetivo de impedir que outras advogadas sejam ofendidas da mesma forma .
Não foi a primeira vez
Em 2019, a advogada Camila Felix passou por uma situação parecida com o mesmo promotor. Ela disse que também foi chamada de “galinha garnisé” por Francisco Santiago.
“Ele mandou eu tomar gardenal, me chamou de ‘galinha garnisé’ várias vezes, foi horrível. Depois deste fato eu fiquei afastada de júri, não fazia plenário, fiquei sem coragem. Ver o caso da Sarah foi reviver o que eu vivi”, contou Camila Felix.
Momento quando o promotor Francisco Santiago entra em discussão com a advogada.
Casos importantes
O promotor Francisco Santiago é bastante conhecido em Minas Gerais. Ele já participou de julgamentos de grande repercussão, como o caso de agressão do ex-cunhado da apresentadora Ana Hickman, em 2017.
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O que diz o Ministério Público
Em nota, o Ministério Público de Minas Gerais afirmou que a Corregedoria-Geral não recebeu representação sobre a atuação de Francisco Santiago.