Os primeiros brasileiros deportados dos Estados Unidos após a posse de Donald Trump chegaram ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte na noite de sábado (25). As histórias de retorno são marcadas por agressões e humilhações, refletindo as condições desumanas enfrentadas durante o processo de deportação.
Sandra Pereira de Souza, de 36 anos, e seu marido Alisdete Gonçalves dos Santos, de 49, viajaram com seus dois filhos pequenos. Sandra descreveu a experiência como “um inferno, uma tortura”, destacando a falta de segurança do avião e o medo constante durante a viagem. Eles acreditavam que iriam a uma reunião com a imigração, mas acabaram sendo deportados sem tempo para se preparar, levando apenas o que tinham nas mãos.
Apesar de terem imigrado ilegalmente, o casal cumpriu com suas obrigações de imigração por três anos e meio, construindo uma vida nos EUA, incluindo uma empresa, uma casa e um carro. Agora, após essa experiência traumática, eles desejam reconstruir suas vidas no Brasil.
Entre os 88 deportados, muitos foram algemados e agredidos pelos agentes de imigração. Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, relatou que ele e outros passageiros sofreram agressões físicas e ameaças durante o voo. Ele descreveu a experiência como aterrorizante, com os agentes desrespeitando os deportados e fazendo ameaças sobre a segurança do voo.
Os relatos de agressões foram corroborados por outros homens no voo, que relataram ter sido empurrados e agredidos com suas próprias algemas. A situação se agravou quando o ar-condicionado do avião falhou, causando desmaios e pânico entre os passageiros, especialmente as crianças.
Após o pouso em Manaus, Kaleb, outro deportado, mencionou que as turbinas do avião soltaram fumaça, levando a uma situação de emergência. Ele destacou que, sem a intervenção do governo brasileiro e a mudança para um avião da Força Aérea Brasileira, a situação poderia ter terminado em tragédia.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve presente para receber os deportados e afirmou que as denúncias de violação dos direitos humanos são graves. Ela enfatizou a prioridade em acolher famílias com crianças e anunciou a criação de um posto de atendimento humanitário no aeroporto, em resposta a uma possível escalada de deportações.
Evaristo também mencionou a colaboração com a Secretaria de Estado de Assistência Social e a Prefeitura de Belo Horizonte para garantir um acolhimento adequado aos brasileiros que retornam ao país, destacando a importância de um suporte humanitário em momentos tão difíceis.