Rodrigo Balassiano, especialista em fundos estruturados e atento às inovações tecnológicas no setor financeiro, destaca que o uso da inteligência artificial (IA) na precificação de ativos de FIDCs representa um avanço significativo na busca por eficiência, segurança e precisão. Em um cenário em que o volume de dados cresce exponencialmente e a complexidade das operações se intensifica, ferramentas baseadas em IA oferecem uma nova camada de sofisticação para os gestores e administradores de fundos.
A precificação adequada dos ativos de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) é essencial para refletir o valor justo da carteira, garantir a transparência dos resultados e manter a confiança dos cotistas. Nesse contexto, a inteligência artificial surge como uma aliada estratégica, capaz de integrar dados em tempo real, identificar padrões de risco e otimizar decisões de forma contínua.
O desafio da precificação tradicional nos FIDCs
Tradicionalmente, a precificação dos ativos em FIDCs depende de metodologias manuais ou semi-automatizadas, que utilizam modelos estatísticos baseados em parâmetros fixos, como taxa de desconto, inadimplência histórica e prazo médio dos recebíveis. Embora úteis, essas abordagens muitas vezes não capturam a dinâmica real dos ativos, tampouco reagem rapidamente a mudanças no comportamento de pagamento, conjuntura econômica ou qualidade dos cedentes.
Segundo Rodrigo Balassiano, a limitação desses métodos está no grau de generalização que impõem. Ativos com comportamentos atípicos, sazonais ou altamente sensíveis a eventos externos acabam sendo precificados com margem de erro maior, o que pode distorcer o valor da cota, comprometer a governança e impactar a atratividade do fundo no mercado.
Como a inteligência artificial transforma a precificação
A IA permite uma abordagem mais granular, dinâmica e preditiva da precificação de ativos. Por meio de algoritmos de machine learning, é possível analisar grandes volumes de dados históricos e operacionais para identificar correlações, prever padrões de inadimplência e estimar o valor presente dos recebíveis com maior precisão.
As principais vantagens incluem:
- Precificação individualizada: análise de cada recebível com base em seu comportamento específico, origem, histórico de pagamento e características do devedor;
- Detecção de anomalias: identificação automática de ativos com risco elevado ou inconsistência nos dados;
- Adaptação em tempo real: atualização dos modelos à medida que novos dados são incorporados, sem necessidade de intervenção manual;
- Projeções mais precisas: simulações de cenários que consideram múltiplas variáveis macroeconômicas e microeconômicas.

De acordo com Rodrigo Balassiano, esse novo paradigma amplia a capacidade dos gestores de identificar distorções de valor e tomar decisões mais fundamentadas, ao mesmo tempo em que reforça a credibilidade do fundo diante dos investidores e da regulação.
Aplicações práticas e integração com a governança do fundo
A implementação de IA na precificação deve estar integrada a uma estrutura sólida de governança e compliance. Os modelos adotados precisam ser auditáveis, interpretáveis e compatíveis com as exigências da CVM e dos administradores fiduciários. A tecnologia, por si só, não substitui o julgamento técnico, mas o complementa com maior agilidade e profundidade analítica.
As aplicações mais comuns incluem:
- Sistemas internos de precificação automática;
- Ferramentas de BI integradas ao controle de risco;
- Dashboards com alertas para variações incomuns de preço;
- Modelos de score de crédito mais refinados.
Essas soluções tecnológicas fortalecem a capacidade da gestora de monitorar a carteira em tempo real, de responder a eventos inesperados e de gerar relatórios mais robustos para os cotistas e para os órgãos reguladores.
A importância da qualificação técnica na aplicação da IA
O uso de inteligência artificial requer equipes multidisciplinares, com profissionais que compreendam tanto o mercado financeiro quanto a modelagem estatística e computacional. A calibragem dos modelos, o tratamento dos dados e a validação contínua das projeções são etapas críticas para garantir resultados consistentes.
Conforme aponta Rodrigo Balassiano, as instituições que investem em conhecimento técnico e adotam uma cultura de inovação saem na frente, especialmente em um mercado como o brasileiro, onde a competição entre fundos é acirrada e a diferenciação por eficiência operacional se torna cada vez mais relevante.
Conclusão
A inteligência artificial está transformando a maneira como os ativos de FIDCs são precificados, trazendo ganhos significativos em precisão, agilidade e transparência. Ao integrar dados em tempo real, modelagem preditiva e análise individualizada, a IA oferece aos gestores uma ferramenta poderosa para melhorar a tomada de decisão, reduzir riscos e fortalecer a governança dos fundos.
Rodrigo Balassiano reforça que a adoção responsável da IA deve ser acompanhada por controles rigorosos, transparência metodológica e constante atualização técnica. Com essa abordagem, os FIDCs não apenas se tornam mais eficientes, como também mais confiáveis e preparados para os desafios de um mercado em constante evolução.
Autor: Emma Williams