A aplicação da inteligência artificial (IA) tem se mostrado promissora no auxílio à autonomia de pessoas com deficiência visual. Tecnologias como bengalas inteligentes e sistemas de audiodescrição de objetos e ambientes são exemplos de como a IA pode melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. O tema será amplamente discutido na 8ª Convenção do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que ocorrerá em São Paulo nos dias 14 e 15 de fevereiro de 2025. Este evento reunirá especialistas e gestores de saúde para debater as inovações e desafios associados ao uso da IA.
Durante a convenção, os participantes discutirão a aplicação da IA em tecnologias que facilitam a comunicação, locomoção e acessibilidade para pessoas cegas ou com baixa visão. Além das inovações, o encontro abordará os desafios éticos e técnicos que surgem com a implementação dessas tecnologias. Questões como a privacidade dos dados dos usuários e a imparcialidade na utilização das informações serão temas centrais nas discussões, refletindo a necessidade de um uso responsável da tecnologia.
De acordo com o CBO, as tecnologias assistivas na oftalmologia incluem uma variedade de recursos, dispositivos e sistemas projetados para melhorar a independência e a qualidade de vida de pessoas com deficiência visual. Essas tecnologias são frequentemente desenvolvidas para atender a tarefas específicas, com funções bem definidas que visam facilitar o dia a dia dos usuários. A diversidade de soluções disponíveis demonstra o potencial da tecnologia para transformar a experiência de vida dessas pessoas.
As soluções baseadas em IA têm proporcionado assistência visual significativa, permitindo que pessoas com deficiência visual realizem atividades cotidianas com mais autonomia. Por exemplo, sistemas de IA podem analisar fotos enviadas pelos usuários e fornecer descrições detalhadas de imagens, objetos e textos. Essa capacidade de descrever o ambiente ao redor ajuda na realização de tarefas como leitura de rótulos e identificação de objetos, promovendo uma maior independência.
As bengalas inteligentes são um exemplo prático de como a tecnologia pode ser integrada ao cotidiano. Equipadas com sensores e conectividade com smartphones, essas bengalas conseguem detectar obstáculos e fornecer orientações por meio de comandos de voz. Essa inovação permite que os usuários se desloquem com mais segurança em ambientes urbanos, aumentando a confiança e a mobilidade das pessoas com deficiência visual.
O CBO ressalta que, apesar dos avanços na acessibilidade proporcionados por essas tecnologias, é fundamental prestar atenção aos desafios éticos e técnicos que acompanham seu desenvolvimento. A criação de dispositivos de audiodescrição gerados por IA, por exemplo, pode inadvertidamente reforçar preconceitos se não forem alimentados com dados objetivos e imparciais. Essa preocupação destaca a importância de um desenvolvimento ético e responsável das tecnologias assistivas.
Além disso, a formação de profissionais capacitados para lidar com essas novas tecnologias é essencial. Médicos, terapeutas e educadores devem estar preparados para integrar a IA em suas práticas, garantindo que os usuários possam aproveitar ao máximo os benefícios oferecidos. A capacitação contínua e a atualização sobre as inovações tecnológicas são fundamentais para promover um atendimento de qualidade.
Em resumo, a discussão sobre o uso da inteligência artificial para pessoas com deficiência visual é de extrema relevância e deve ser abordada com seriedade. A convenção do CBO representa uma oportunidade valiosa para aprofundar o conhecimento sobre as inovações e desafios que cercam essa temática. Ao promover um diálogo aberto e construtivo, é possível avançar na criação de soluções que realmente atendam às necessidades das pessoas com deficiência visual, garantindo que a tecnologia seja uma aliada na busca por autonomia e qualidade de vida.